Jornal de Angola
A embaixadora cessante dos Estados Unidos em Angola, Helen La Lime, elogiou ontem as medidas anunciadas pelo Executivo angolano para garantir mais abertura, transparência e melhoria do ambiente de negócios para atrair investimento privado norte-americano.
De acordo com a embaixadora cessante dos Estados Unidos em Angola, Helen La Lime, que esteve ontem no Palácio Presidencial para se despedir do Presidente da República após três anos de missão em Angola, medidas como o combate à corrupção interessam os Estados Unidos e encorajam o sector privado, incluindo os bancos norte-americanos e outros bancos correspondentes.
“O trabalho tem de ser feito por Angola, que tem toda a necessidade de se tornar mais atractiva para o sistema bancário americano e internacional”, disse a diplomata, referindo-se ao restabelecimento de relações com as instituições financeiras angolanas no sentido destas voltarem a obter divisas das suas congéneres norte-americanas. “Estou convencida de que as novas autoridades angolanas tudo vão fazer para que os dólares voltem a circular em Angola”, acrescentou.
O Presidente da República declarou um combate cerrado à corrupção e à impunidade, pelo “impacto negativo directo na capacidade do Estado e dos seus agentes executarem qualquer programa de governação” e exortou todo o povo “a trabalhar em conjunto para extirpar esse mal que ameaça seriamente os alicerces” da sociedade angolana.
Durante a tomada de posse, os três ministros de Estado, 28 ministros e 18 governadores provinciais juraram fidelidade à nação e comprometeram-se, diante do Presidente da República, a combater a corrupção e o nepotismo, além de se absterem de práticas e actos que lesem os interesses do Estado, sob pena de serem responsabilizados civil e criminalmente.
O Presidente da República quer igualmente transparência na actuação dos serviços e dos servidores públicos, bem como o combate ao crime económico e à corrupção que grassa em algumas instituições e disse tratar-se de uma importante frente de luta a ter seriamente em conta, na qual todos têm o dever de participar.
“O discurso de combate à corrupção que o Presidente da República está a fazer é muito importante e estamos a realçar isso para Washington”, disse Helen La Lime, sublinhando que um ambiente propício está a ser criado e que gostaria de ver mais presença do sector privado norte-americano em Angola. “Temos feito muito nos últimos três anos, mas é preciso continuar a fazer mais”, disse a diplomata realçando a disponibilidade das autoridades angolanas em reforçar a cooperação.
Parceria privilegiada
A diplomata, que antes da vinda a Angola foi directora do Comando Militar dos Estados Unidos para África, onde foi responsável pelos programas de cooperação militar, realçou igualmente o papel de liderança de Angola na região e destacou o interesse dos Estados Unidos na concretização das acções constantes no memorando de entendimento assinado em Maio, nos Estados Unidos, pelo então ministro da Defesa Nacional, João Lourenço, e o secretario norte-americano da Defesa, James Mattis.
O documento abriu o caminho para uma cooperação mais sólida com Angola e marcou o início da construção de uma parceria de longo prazo assente no respeito mútuo e que inclui, como prioridade,s a partilha de informações, formações de oficiais, visitas regulares entre as chefias militares de ambos os países e mecanismos de informações sobre missões de paz.
Helen La Lime lembrou que Angola é um parceiro privilegiado para os Estados Unidos. Esta mesma visão foi manifestada pelo Presidente da República, no seu discurso de tomada de posse, no dia 26 de Setembro, em que, além dos Estados Unidos, apontou como parceiros importantes a República Popular da China, a Rússia, o Brasil, a Índia, o Japão, a Alemanha, a Espanha, a França, a Itália, o Reino Unido, a Coreia do Sul e outros parceiros que respeitem a soberania angolana.
Trabalho contra o tráfico de seres humanos
A embaixadora cessante dos Estados Unidos Helen La Lime reconheceu que Angola tem feito um trabalho árduo para combater o tráfico de seres humanos, um problema de carácter internacional e que afecta o mundo inteiro.
A diplomata que foi recebida em audiência pelo ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, afirmou: “Angola tem feito muito e vamos fazer ainda mais, estamos a trabalhar de mãos dadas para acabar com esta desgraça de pessoas que são forçadas a trabalhar, mulheres obrigadas a prostituir-se”. Outro motivo da audiência foi para conhecer a nova equipa de trabalho do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, continuar a dialogar sobre a situação dos direitos humanos e a problemática do tráfico de pessoas. “Estamos juntos nisso. Por isso temos ajudado, mandando equipas angolanas para os Estados Unidos aprenderem como lidamos com a situação", salientou.
Em Dezembro passado Angola participou, em Nova Iorque, com o representante permanente junto das Nações Unidas, Ismael Martins, que participou no debate sobre “o tráfico de pessoas em situações de conflito”, e considerou a necessidade da comunidade internacional envidar esforços conjuntos para tornar eficaz a luta contra o tráfico de seres humanos, apoiando todas as nações, instituições e indivíduos para enfrentarem com êxito este fenómeno. Angola ratificou as convenções das nações unidas contra o tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas, a criminalidade transnacional e a supressão do financiamento ao terrorismo, para garantir a segurança territorial e do sistema financeiro angolano.