Luanda- Sorridentes, ansiosas e apreensivas. Foi desta forma que se apresentaram, neste sábado, dezenas de crianças e adolescentes de Luanda, no dia de abertura da Campanha Especial de Emissão de Bilhete de Identidade (BI), alusiva ao mês de Junho.
Desde as primeiras horas da manhã, vários menores, dos 06 aos 17 anos de idade, fizeram-se às repartições de identificação civil e criminal da capital do país, para dar corpo à campanha denominada "O meu primeiro BI rumo à cidadania".
Trata-se de uma iniciativa do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, que vai decorrer em todo o país, no quadro do mês da criança (Junho).
A mesma será realizada todos os sábados, das 8h00 às 13 horas, sendo que, para tal, os menores que vão tratar pela primeira vez o BI devem levar o assento de nascimento ou da certidão narrativa completa do registo de nascimento.
Para beneficiarem da campanha, que sucede outra com o mesmo fim, promovida em Novembro último pelo Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos (BI da Dipanda), as crianças devem fazer-se acompanhar, também, da cópia dos Bilhetes de Identidade dos pais.
Foi com essa documentação que a adolescente Tchielcia Sebastião, acompanhada da avó, se fez à Repartição de Identificação Civil e Criminal dos Combatentes, Distrito Urbano do Sambizanga, para tratar, pela segunda vez, o BI.
"Foi rápido, gostei do atendimento. Foi uma boa iniciativa terem aberto essa campanha aos sábados, no Dia Internacional da Criança", expressou a adolescente.
Embora não tenha tratado o documento pela primeira vez, Tchielcia Sebastião apelou a todas as crianças e adolescentes dos seis aos 17 anos para aderirem à campanha.
Quem também se mostrou satisfeito com a iniciativa do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos foi o encarregado de educação Zenobio Bernardo, que acompanhou o filho a tratar o documento pela primeira vez, e saudou a organização dos funcionários.
"É uma boa iniciativa que o Governo está a efectuar, visto que, ao tratar aos sábados, a criança escusa de faltar à escola durante a semana", exprimiu.
De igual modo, a encarregada de educação Djamila Tinta afirmou que a campanha denominada "O meu primeiro BI rumo à cidadania" vem em bom momento.
"Faz perfeito sentido, porque, a partir do momento em que a criança já sabe assinar o seu nome, já pode tratar o BI, que abre portas para tratar diversos documentos", disse.
Contudo, a cidadã lamenta o facto de ter havido "pouca" adesão de crianças no primeiro dia da campanha e sugeriu a feitura de campanha de informação nas escolas.
A propósito, a representante da Direcção Nacional do Arquivo de Identificação Civil e Criminal para essa iniciativa, na Repartição dos Combatentes, Cleopatra Pedro, disse acreditar que a partir da próxima semana o número de crianças aumente.
Segundo a funcionária do Ministério da Justiça, as autoridades do sector fizeram uma massiva campanha de divulgação, nos órgãos de comunicação social, pelo que prevêem, para este mês da criança, emitir pelo menos 20 mil BI.
"Temos uma expectativa muito alta, porque, na primeira campanha, tivemos um número bom. Dessa vez queremos alterar e passar esse número, ou seja, chegar pelo menos a 20 mil Bilhetes de Identidade", comentou a funcionária.
Quanto à suposta fraca adesão, disse dever-se ao facto de hoje celebrar-se o Dia Internacional da Criança. "Hoje é o primeiro dia e muitos ainda estão relaxados. Também é o Dia Internacional da Criança e existem muitas actividades", vincou.
Dados oficiais apontam que na última campanha, realizada no ano passado, denominada "BI da Dipanda", foram atendidas pelo menos 14 mil crianças e adolescentes.
A meta era emitir seis mil bilhetes, mas, devido o elevado grau de procura levou a que a cifra subisse para 14 mil. Luanda foi a que mais bilhetes emitiu durante a campanha.
De acordo com estatísticas do Unicef, pelo menos 75 por cento das crianças angolanas, dos zero aos quatros anos, não estão registadas, sendo que apenas 50 por cento dos cinco aos 14 anos possuem Bilhete de Identidade.